domingo, 29 de março de 2009

Memória ao Conservatório Real

Na Memória ao Conservatório Real, Almeida Garrett explica que os factos históricos portugueses são marcados por uma simplicidade majestosamente trágica e moderna.
Em Frei Luís de Sousa, é demonstrado o espírito do Cristianismo que suaviza o desespero das personagens: em vez de uma morte violenta, morrem para o mundo terreno (entregam-se a Deus).
Em vez do verso típico da tragédia, Almeida Garrett preferiu a prosa, pois Frei Luís de Sousa fora um dos melhores prosadores da língua portuguesa. Consequentemente, na forma esta obra é um drama e no conteúdo considera-se uma tragédia antiga.
Almeida Garrett utiliza uma acção muito “simples”, sem paixões violentas: poucas personagens, todas elas verdadeiramente cristãs, sem qualquer elemento macabro, despertando no público dois sentimentos próprios da tragédia como por exemplo o terror e a piedade.
Garrett refere as fontes de que se serviu para escrever o Frei Luís de Sousa: uma representação de teatro a que assistiu, mais tarde, a leitura de duas narrativas sobre este tema, de D. Francisco Alexandre Lobo e de Frei António da Incarnação e mais recentemente, o drama, O Cativo de Fez.
O autor afirma, todavia, que não se sentiu obrigado a respeitar a verdade histórica, mas sim a “verdade” poética, pois, num século democrático, “tudo o que se fizer há-de ser pelo povo e com o povo…ou não se faz” – o que o povo quer é verdade.

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